Estudo de Caso Integração com Musicoterapia Parte 2

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A técnica – Método de Musicoterapia receptiva, segundo Bruscia (2002) foi uma das mais utilizadas ao longo do processo integrada à massagem para relaxar, e mobilizar conteúdos pela Escuta Subliminar das musicas evangélicas como as do Grupo catedral, trazendo temáticas de esperança, fé, visão positiva da vida ou seus sentimentos e pensamentos de forma geral (Sendo que na maioria das vezes foi utilizada por solicitação do mesmo). Orientando-se a auto-percepção e exercícios respiratórios, muitas vezes acaba quase adormecendo, depois expõem suas sensações, percepções e reflexões. Uma semana após iniciar esta forma de atendimento trouxe que dormiu bem à noite e que tem dormido melhor deste então, a queixa de insônia passa a ter episódios esporádicos. Outros Métodos bastante utilizados nos atendimentos foram a Escuta para Reflexão (5) e a Recriação(6). L.H. disse desde o iníciodo tratamento, que apesar de desanimado, de sentir-se triste e vontade de desistir, buscava se fortalecer na fé, o que muitas vezes confirmou-se na escolha de seu repertório musical. A primeira mùsica que trouxe em atendimento (Grupo) foi “Deixa a vida me levar” – Zeca Pagodinho (Composição: Serginho Meriti) que apesar de não ser religiosa faz mensão a Deus como pode observar-se na letra:

“Eu já passei /Por quase tudo nessa vida/ Em matéria de guarida/ Espero ainda a minha vez /…Confesso que sou/ De origem pobre/ Mas meu coração é nobre/Foi assim que Deus me fez/E deixa a vida me levar/ (Vida leva eu!) 3X / Sou feliz e agradeço/ Por tudo que Deus me deu…/ Só posso levantar/ As mãos pro céu/ Agradecer e ser fiel/ Ao destino que Deus me deu/ Se não tenho tudo que preciso/ Com o que tenho, vivo/ De mansinho lá vou eu…/ Se a coisa não sai/ Do jeito que eu quero/ Também não me desespero/ O negócio é deixar rolar/ E aos trancos e barrancos/ Lá vou eu!/ E sou feliz e agradeço/ Por tudo que Deus me deu…/Deixa a vida me levar/ (Vida leva eu!) 3X/ Sou feliz e agradeço/ Por tudo que Deus me deu…”

Apesar de se referir que as músicas que mais gosta serem os hinos evangélicos, esta sai deste contexto, deixando-o num lugar próximo aos demais integrantes do grupo. Com seu jeito meio tímido, voz fraca cantarolou-a. E ouvi-o dizendo (pela letra da canção) que na sua vida, de ainda menino de 14-15 anos, já havia passado por muita coisa difícil (abandono da mãe biológica, a separação dos pais adotivos aos 3 e aos 13, novamente foi “abandonado” só que agora pela mãe adotiva, morte do avô que adorava e depois seu acidente, precisou fazer greve de fome para ser bem cuidado), é de origem pobre (pai operário e mãe doméstica) mas de coração nobre, passa uma sensibilidade e maturidade em sua fala recente dizendo que os pais não priorizaram os filhos em suas vidas mas fizeram o que puderam e reconhece. De alguma forma tenta aceitar os fatos e não perde sua fé, que no decorrer do processo reaparece em suas músicas, nas suas atitudes e postura perante a vida, os amigos se reaproximam e o levam a igreja, participa de encontro de jovens, e assim esta deixando a vida levá-lo sem saber onde vai dar sua reabilitação, sua vida. Na frase “Deixa a vida me levar/ Vida leva eu”, cheguei a pensar na hipótese de ser um pedido de morte, o que mais tarde pude confirmar que sim muitas vezes desejou a morte, fez a greve de fome por esta razão ao mesmo tempo que queria chamar atenção de seus pais foi quando ouvi o choro de seu irmão mais novo e decidiu que iria iver por ele, “não poderia abandoná-lo”. E numa fala recente ao relembar esta situação, traz um relato de sua necessidade de ser importante para as pessoas???. Hoje o que quer é a vida e perceber que sua postura é de esperar o momento de cada coisa. Expressa pelo canto sua história, a dor que lhe vai na alma e sua postura frente a vida num ritmo que não passava tristeza e sofrimento, que até fazem estes quase passaram dispercebidos no pagode, mas novamente sutilmente fazia-se ouvir. E assim no decorrer do processo começa resgatar seu repertório musical, seu gosto, sua identidade sonora – “manifestação direta da singularidade de sua identidade como ser humano”. Escolhendo as músicas para ouvir, muitas vezes espontaneamente como resposta a um ponto, questão ou evento em particular. (Diaz de Chumaceiro in Bruscia, 2000), desencadeada pela livre associação a partir do próprio fluxo de pensamentos, expressando não somente quem é, mas também a forma como lida com as várias situações de vida. Quando as músicas foram escolhidas pela Musicoterapeuta tinham o objetivo de intervir explorando idéias, temas terapêuticos e pensamentos ou ainda evocar estados e experiências afetivas. Vejamos o repertório musical trabalhado, vivenciado, significado e/ou resignificado, com algumas das letras e com seus conteúdos manifestos ou latentes:

  1. Andar com Fé – Gilberto Gil (grupo); (Composição: Gilberto Gil ) Andá com fé eu vou/Que a fé não costuma faiá…(4x) […] A fé tá na manhã /A fé tá no anoitecer/Oh! Oh!/No calor do verão… A fé tá viva e sã/A fé também tá prá morrer /Oh! Oh!/Triste na solidão…
  2. Deixa a vida me levar – Zeca Pagodinho (grupo) Já analisada acima.

Veja aqui a lista de musicas utilizadas no processo musicoterápico Continue lendo

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