Reich, Winnicott e a importância dos cuidados na primeira infância
Ilana Fenjves Joveleviths[1]
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo inaugurar a possibilidade de uma articulação teórica entre os autores Wilhelm Reich e Donald Winnicott acerca do tema dos cuidados na primeira infância. Inicialmente fundamentarei a validade desta proposta para, em seguida, traçar alguns paralelos entre as ideias dos autores relacionadas ao que eles entendem por cuidados na primeira infância e a importância desta fase da vida e destes cuidados para o desenvolvimento emocional. Por meio desta discussão, pretende-se ampliar e aprofundar o conhecimento da obra de Wilhelm Reich ao explorar certos escritos ainda pouco conhecidos, como os artigos presentes no livro Children of the future: on the prevention of sexual pathology (1983e) – Crianças do futuro: sobre a prevenção da patologia sexual. ABSTRACT: This paper aims to usher the possibility of a theoretical link between authors Wilhelm Reich and Donald Winnicott on the topic of early childhood care. Initially, I will base the validity of this proposal, then draw some parallels between their ideas related to what they understand as early childhood care and the importance of this phase of life and this care for the emotional development. Through this discussion, we intend to deepen the knowledge of the work of Wilhelm Reich exploring some texts not enough known, such as articles found in the book Children of the future: on the prevention of sexual pathology (1983e). Wilhelm Reich teve uma trajetória atravessada por intensas lutas e rupturas, o que deixa, inevitavelmente, marcas na construção teórica do autor. Seus escritos configuram uma obra extremamente pautada pelo engajamento com a prática, seja na relação com o trabalho clínico, com a vida política ou também com as próprias experiências na vida pessoal. Tal envolvimento, a meu ver, deixa claro o caráter de uma obra em movimento, que é reformulada e segue diversos caminhos a partir deste contato do autor com a vida. Exemplo disso são os últimos textos escritos por Reich, ainda pouco explorados, acerca da importância dos cuidados com bebês na primeira infância. Estes estudos apresentam ideias do autor acerca de um tema pouco aprofundado no decorrer de sua obra e que, talvez por isso, não ganhou importância na apropriação das ideias de Reich por seus seguidores. No entanto, são formulações importantes, que contribuem para um maior conhecimento em relação ao autor e também fornecem novos elementos para o trabalho prático (seja na clínica ou em outros campos de atuação, como a educação). No contato com este material, reunido em sua maioria no livro Children of the future: on the prevention of sexual pathology (1983e) – Crianças do futuro: sobre a prevenção da patologia sexual, identifiquei algumas elaborações reichianas que se aproximam de ideias de um autor cuja obra é marcada pela temática da relação mãe-bebê: Donald Winnicott. A partir disso, busquei se havia algum trabalho relacionando as ideias destes autores e me deparei com alguns artigos que apontam para essa possibilidade, mas não realizam uma discussão extensa sobre o tema. Este ensaio nasce, portanto, como um primeiro passo no sentido de aprofundar o diálogo acerca das ideias dos dois autores em relação aos cuidados na primeira infância. Reich teve suas ideias trazidas e disseminadas no Brasil pelo movimento da contracultura (nas décadas de 1960 e 1970), a partir de um recorte que contemplava questões essenciais para esse movimento (e que de fato eram significativas nos escritos do autor). Albertini (2012) afirma: Se, a abordagem desse autor carrega teses libertárias, sobretudo no campo da sexualidade, desenvolvidas desde os anos 1930, que claramente ajudaram a compor o movimento contestatório dos anos 1960 e 1970, cabe também indagar o quanto esse movimento não acabou, digamos, engolindo e ressignificando o próprio enfoque reichiano. (…) no contexto da contracultura, um determinado Reich foi propagado, mas outros aspectos de sua obra, igualmente importantes, mas não sintonizados com o clima social dominante, permaneceram na sombra. A partir disso, a discussão a qual me proponho realizar, busca contribuir para ampliar o horizonte de leitura da obra de Reich no meio acadêmico, já que, a partir do diálogo com Winnicott, será possível trazer à cena algumas de suas formulações ainda pouco estudadas. Faria (2012), em sua dissertação de mestrado Wilhelm Reich e a formação das Crianças do Futuro, realizou um importante trabalho para o aprofundamento das ideias de Reich relacionadas ao tema dos cuidados na primeira infância. Neste trabalho, ela destrinchou e analisou os artigos presentes no livro Children of the future (1983e) que falam do projeto Crianças do Futuro (realizado por Reich nos Estados Unidos envolvendo atividades voltadas para a promoção de saúde das crianças). Parte importante deste projeto foi a fundação do Orgonomic Infant Research Center – Centro Orgonômico de Pesquisas da Infância (OIRC), sendo que muitas das discussões apresentadas por Reich nestes artigos e discutidas por Faria (2012) dizem respeito ao trabalho do Centro. Esta dissertação servirá de base, em conjunto com os artigos originais de Reich, para a articulação aqui proposta. Para fundamentar a proposta de discutir as ideias de Reich e Winnicott, é importante apresentar os artigos que apontaram para esta possibilidade. Cornell, em 1998, publicou Se Reich tivesse encontrado Winnicott: O gesto interrompido, no qual ele coloca ambos como “contemporâneos que fizeram desafios radicais às teorias e técnicas da psicanálise clássica e às práticas de educação infantil de suas épocas” (p. 80). Ele aponta que os autores compartilhavam interesses profundos e duradouros a respeito do mundo da díade mãe-bebê e da inter-relação fundamental entre a mente e o corpo. Ao longo do artigo, ele levanta alguns pontos de aproximação e distanciamento, mas não se detém na análise das formulações dos dois autores, sendo um texto interessante especialmente no sentido de despertar algumas questões que poderão ser melhor exploradas neste ensaio. Posteriormente, Rego (2005) reforçou a viabilidade desta discussão entre Reich e Winnicott como forma de avançar no campo da psicoterapia: (…) parece ficar claro que o paradigma pulsional freudiano não dá conta de todas as possibilidades e propostas da psicoterapia corporal hoje. Talvez se possa dizer que o conflito entre pulsão e defesa é um modelo necessário, mas não suficiente para compreender a clínica reichiana atual. Podem e devem ser buscados elementos que completem esse quadro em autores psicanalíticos que trouxeram novas perspectivas, citando-se especialmente as ideias de Donald Winnicott como promissoras nesse aspecto (p.84). É importante ressaltar que, na proposição de Rego (2005), a articulação se daria no sentido de tornar o campo da psicoterapia reichiana mais abrangente a partir do contato com as ideias de Winnicott, mas ele não menciona no texto o que, na própria produção reichiana, já caminhava no sentido das ideias de Winnicott. Os artigos do Crianças do futuro sequer são citados nesse contexto. Outros autores, ao relacionarem Reich e Winnicott, mantiveram a mesma linha, como Laurentiis (2003). Cotta, em sua tese de doutorado intitulada Memórias de um desterro: corporeidade na clínica contemporânea (2010) também faz referência aos dois autores, mas alimentando muito mais uma ruptura entre eles do que a possibilidade de uma articulação. Ele busca discutir os dispositivos clínicos necessários ao trabalho com as subjetividades contemporâneas a partir de um viés winnicottiano. Como o autor viveu, em sua trajetória, um extenso período de filiação às terapias corporais/neorreichianas, ele traça, ao longo do texto, diversos contrapontos entre Winnicott de um lado e Reich e Lowen[2] do outro, fazendo severas críticas a estes últimos. É interessante notar que, ao realizar essa discussão entre os autores, Cotta não faz referência em seu texto às elaborações reichianas acerca dos cuidados na primeira infância, sendo que este tema é um dos pontos que mais atraíram sua atenção na teorização de Winnicott. Sendo assim, parece que o aprofundamento nas ideias de Reich acerca destas questões pode contribuir para problematizar este campo de discussão. Posto isso, se faz necessário identificar quais escritos, de cada um dos autores, serão utilizados para a discussão proposta, já que, em obras tão extensas, há um percurso percorrido, do qual fazem parte reformulações, inovações e rupturas com as elaborações anteriores. Sendo assim, precisamos especificar de que Winnicott e de que Reich estaremos falando. Além disso, é importante situar este ensaio como desdobramento de um projeto de dissertação de mestrado, o qual buscará discutir extensamente o assunto aqui apresentado; sendo este ensaio um primeiro passo nesse sentido, farei um recorte ainda mais específico, buscando apenas explicitar o que Reich entende por cuidados na primeira infância, a importância desta fase da vida e destes cuidados para o desenvolvimento emocional, e como tais temas se articulam com a construção teórica de Winnicott acerca das mesmas questões. Os seguintes artigos de Reich, reunidos no livro Children of the future: on the prevention of sexual pathology – Crianças do futuro: sobre a prevenção da patologia sexual (1983e), serão o fio condutor deste trabalho: Falling anxiety in a three-week old infant – Angústia de cair em um bebê de três semanas (publicado originalmente em 1945[3]) e cuja versão aqui utilizada será a presente na tradução para o português do livro A biopatia do Câncer (1948/2009); Children of the future – Crianças do futuro (1983a), publicado originalmente em 1950 no segundo volume da revista Orgone Energy Bulletim (Boletim de Engergia Orgone); Armoring in a newborn infant – Encouraçamento em uma criança recém-nascida (1983b), original publicado em 1951 no terceiro volume da revista Orgone Energy Bulletim (Boletim de Energia Orgone); Maltreatment of infants – Maus tratos aos bebês (1983c) e Orgonomic first aif for children – Primeiros socorros orgonômicos para crianças (1983d). Além dos artigos já citados, serão utilizados escritos anteriores de Reich que já apontavam a existência, em sua obra, dos temas que foram aprofundados nesses artigos. O capítulo Ambivalência e formação do ego no caráter impulsivo do livro O Caráter Impulsivo (1925/2009) será abordado, assim como o capítulo Contato psíquico e corrente vegetativa, do livro Análise do Caráter (1933/1998). É necessário esclarecer que, tendo este ensaio o objetivo de ampliar o conhecimento acerca da obra de Wilhelm Reich e de suas contribuições para diversos campos de atuação, o procedimento que iremos utilizar será o de partir da conceituação reichiana acerca de um tema ou questão para, então, buscar em Winnicott como é entendido tal ponto e que articulações são possíveis realizar. Sendo assim, a escolha dos textos de Winnicott aqui utilizados, parte dos temas apontados por Reich que coincidem com as formulações winnicottianas, não seguindo, portanto, uma sequência temporal dos escritos de Winnicott em sua obra ou uma exposição completa de sua concepção de desenvolvimento humano com base nos estágios iniciais do desenvolvimento. Os trabalhos de Winnicott que servirão a esse propósito são: Pediatria e Psiquiatria (1948/2000a) e A preocupação materna primária (1956/2000b) do livro Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas (2000); Segurança – capítulo 4 – do livro A família e o desenvolvimento individual (1965/1997); O conceito de indivíduo saudável (1967/2005) presente no livro Tudo começa em Casa (1986/2005); os capítulos Estabelecimento da relação com a realidade externa – capítulo 1 (1971/1990a), Integração – capítulo 2 (1971/1990b) e A experiência do nascimento – capítulo 9 (1971/1990c) da parte IV- Da teoria do instinto à teoria do ego – presentes no livro Natureza Humana (1990). No livro O Caráter Impulsivo (1925/2009), muitos anos antes de voltar seus esforços para o trabalho com bebês recém-nascidos, Reich já apontava para a importância deste momento da vida para o desenvolvimento ulterior, no entanto, ainda não vislumbrava como adentrar nesta fase da vida e conhecer os processos nela envolvidos: Por mais produtiva que se tenha tornado a investigação psicanalítica das experiências de infância entre as idades de três e seis anos é, contudo, fato inegável que ainda faltam conexões essenciais na cadeia de compreensão do desenvolvimento emocional. A razão disso jaz em nossa incapacidade de penetrar o período anterior à idade de três anos na análise de adultos, com raras exceções. (…) No momento, porém, podemos aceitar como válido o postulado de que o homem, nos primeiros dois anos de vida, vivencia mais coisas, e com maiores consequências, do que em qualquer época posterior (p. 45). Com o passar dos anos, Reich intensificou sua pesquisa com o intuito de encontrar a origem dos processos que formam estruturas rígidas, pouco vitalizadas e adoecidas. O estudo das biopatias está inserido neste contexto. Reich (1942, citado por Dadoun, 1975/1991) define biopatia como “doenças provocadas por perturbações da pulsação biológica do aparelho autônomo da vida; perturbações que reduzem a sua potência orgonótica” (p. 72). Ainda segundo Dadoun: O que caracteriza de maneira específica a biopatia é ter atingido – em profundidade, a própria fonte da produção e da circulação da energia vital – o organismo humano enquanto protoplasma vivo, em seu funcionamento primordial (…). Esta disfunção elementar se traduz, basicamente, por diversas perturbações de ordem trófica, energética, respiratória, circulatória etc., em nível dos tecidos e das células que constituem o território de ancoragem das êxtases sexuais; e estas perturbações por sua vez, quando se tornam permanentes, acabam por provocar lesões orgânicas bem determinadas, doenças caracterizadas e inventariadas, as quais, vendo-se bem, desde a perspectiva reichiana, não são mais que o momento terminal, a conclusão, frequentemente mortal, de um longo e obscuro processo (p. 73). Para Reich, a biopatia mais típica é o câncer e ele se debruçou sobre o estudo desta doença no livro A biopatia do câncer (1948). No entanto, ele considera que haveria ainda outras biopatias, dentre elas as neuroses e psicoses funcionais e também comportamentos como a criminalidade, o suicídio e o alcoolismo. Os grandes avanços na medicina em relação à cura de doenças não biopáticas e, até mesmo, uma liberação de costumes vivida nas sociedades modernas, não teriam tido, segundo dados apresentados por Reich (em Dadoun, 1975/1991, p. 74-75), o menor efeito sobre o desenvolvimento das biopatias. Estas continuaram aumentando, pois não houve em paralelo a essas mudanças, uma “transformação correspondente da estrutura profunda da sociedade e do indivíduo; a primeira continua sendo, brutal ou liberalmente, repressiva e anti-sexual, e a segunda permanece sofrendo sempre, na vivência de seu corpo, em sua estrutura caracterial e, em seu projeto existencial, os terríveis efeitos castradores da educação e da moralidade” (Idem ibidem, p. 75). É, na tentativa de atingir o cerne desta estrutura profunda do indivíduo, que Reich se volta ao início da vida, pois entende que é, desde o mais remoto princípio, que se configura esta estrutura caracterial responsável por impedir uma vida plena, pautada pela satisfação sexual, espontaneidade, criatividade e autenticidade. Sua hipótese, já presente anos antes, ganha mais força e espaço neste momento de sua obra. Com o intuito de entender melhor o que acontece nessa fase da vida, ainda tão obscura, é que Reich desenvolve o projeto Crianças do Futuro. Segundo Faria (2012) o nascimento de seu terceiro filho, Peter, em 1944, influenciou significativamente seu percurso profissional, aumentando ainda mais seu interesse pelos estágios iniciais do desenvolvimento. Como parte do projeto Crianças do Futuro, cuja meta era, em última instância, prevenir o adoecimento psíquico e possibilitar que as gerações futuras fossem mais saudáveis do que as de sua época, Reich fundou o Centro Orgonômico de Pesquisas da Infância (OIRC), como anteriormente citado. No artigo Children of the future (1950/1983a), no qual Reich apresenta o Centro e seus objetivos, podemos identificar a importância, atribuída por ele, ao que acontece nos primeiros estágios do desenvolvimento. De acordo com o autor, o Centro tinha como uma de suas principais tarefas o estudo da criança saudável. Tal estudo seria focado nos bebês recém-nascidos, pois neles estaria a base para a compreensão do que configura a saúde. Segundo Reich, para alcançar as funções bioenergéticas plasmáticas das crianças, naturalmente dadas, seria necessário acompanhar seu desenvolvimento desde a concepção (incluindo o parto), até a idade de 5 a 6 anos, quando a estruturação do caráter se completa. Para ele, é evidente que processos importantes ocorrem já na gestação; apesar do pouco conhecimento que se tem a respeito disso, ele enfatiza que uma das tarefas realizadas pela equipe do Centro seria acompanhar a gestação das mulheres escolhidas para a participação no projeto, realizando os cuidados pré-natais e garantindo que os procedimentos orgonômicos não fossem obstruídos. A segunda importante tarefa do Centro, e que é a mais relevante para as questões colocadas no presente trabalho, é a de supervisão cuidadosa do parto e dos primeiros dias de vida do recém-nascido. Reich (1950/1983a) considera esta a etapa mais crucial, pois “O nascimento e os primeiros dias de vida são bem conhecidos como o período mais decisivo do desenvolvimento. A maioria das depressões melancólicas ou crônicas desenvolveram-se a partir de frustrações precoces; além disso, o desenvolvimento errôneo da percepção e sua integração durante as seis primeiras semanas de vida são claramente responsáveis pelo desenvolvimento das cisões esquizofrênicas e do caráter esquizoide” (livre tradução, p. 10). Reich (1950/1983a) acredita que “Uma criança recém-nascida é, antes de tudo, um pedaço de natureza viva, um sistema orgonótico governado por certas leis bioenergéticas” (tradução livre, p. 15, itálicos originais). Ele entende que cada criança carrega consigo um princípio vital, com o qual ela nasce e que é a força motriz para seu desenvolvimento. Sendo assim, os problemas começam a ocorrer quando esta vitalidade que é constitutiva da natureza da criança é bloqueada. Os bloqueios podem começar a ocorrer muito precocemente e, se não forem revertidos a tempo, tendem a cristalizar modos de se relacionar e estar no mundo desvitalizados, formando pessoas encouraçadas. Reich (1950/1983a) afirma que Se nenhum dano severo foi infligido no útero, o recém-nascido traz consigo toda a riqueza da plasticidade natural e do desenvolvimento. (…) Ele traz consigo um sistema energético enormemente produtivo e adaptável que, pelos seus próprios recursos, irá fazer contato com seu meio-ambiente e começará a modelar este ambiente de acordo com suas necessidades. A tarefa básica de toda educação, dirigida pelo interesse na criança e não por interesses partidários, de lucro, religiosos, etc., é remover todo obstáculo no caminho desta produtividade e plasticidade da energia biológica naturalmente dada. (livre tradução, p.20, itálicos originais). Neste breve aspecto apresentado, já é possível identificar um primeiro paralelo entre os autores aqui estudados. Reich acredita na existência deste princípio vital que nasce com a criança e a orienta para o desenvolvimento emocional, desde que o ambiente não obstrua este caminho; de forma semelhante, Winnicott (1971/1990b) acredita que “Não há dúvida de que existe uma tendência biológica em direção à integração” (p. 136) com a qual os bebês nascem, mas reitera que esta se realiza ao longo de um processo de amadurecimento. Tal processo é facilitado, dificultado ou até mesmo impedido dependendo das condições oferecidas pelo ambiente do bebê. Ou seja, percebe-se que ambos têm uma crença em algo que nasce com o ser humano como uma força potencial na direção do amadurecimento, desenvolvimento, integração e que o ambiente é responsável por garantir que esta tendência possa se concretizar. Ao colocarem o ambiente como um elemento central no desenvolvimento emocional dos bebês, cabe entender melhor o que cada um dos autores considera que é papel deste ambiente e como este papel se exerce. Ambos consideram que a ação dos cuidadores, especialmente da mãe, são o principal fator ambiental deste início da vida. Algumas ideias de Reich acerca desta questão serão apresentadas para, em seguida, estabelecer articulações com formulações Winnicottianas. Ao estudar o tema do desenvolvimento emocional primitivo em Reich, é necessário entender como os cuidados empreendidos pelos pais ou cuidadores com o bebê, facilitam ou dificultam a luta contra o encouraçamento crônico. Para ele, os bloqueios à energia biológica natural do bebê nesse momento influenciam decisivamente na formação da couraça. Aqui, por couraça, considera-se um mecanismo de defesa de “forma mórbida ou biopática, caracterizada por reações falseadas, deformadas, penosas, reduzidas com o mundo exterior e que consiste principalmente num encolhimento vital que já é quase uma presença de morte” (Dadoun, 1975/1991, pp. 129-130). Reich entende que, mesmo havendo mecanismos internos que contribuam para a produção de certos bloqueios emocionais, o ambiente externo tem um papel fundamental na cronificação desses bloqueios e, consequentemente, na reprodução das formas enrijecidas e pouco autênticas de relacionar-se. No entanto, se os cuidadores podem influenciar no sentido de reforçar a formação de uma estrutura de caráter dotada de pouca vitalidade, também podem atuar no sentido contrário: o de evitar esses bloqueios ou de desmanchá-los assim que estes surgem. Se atentos a isso, os cuidadores podem contribuir para que a criança desenvolva uma estrutura de caráter mais fluída, na qual sua energia vital é preservada e ela pode traçar um percurso singular. No artigo Angústia de cair em um bebê de três semanas (1948/2009) é possível, a partir do relato e discussão de um caso, identificar alguns pontos do que Reich considera um bom cuidado nesses estágios iniciais (que tende a evitar a formação e cronificação de bloqueios). Ele fala, ao longo do texto, de um bebê que vive uma intensa angústia de cair, vinculada a uma ameaça de perda de sustentação (daí a sensação de queda). Segundo ele, tal angústia teria sido desencadeada por falhas nos cuidados oferecidos ao recém-nascido. Já no início do texto, ele chama atenção ao fato de que “as necessidades emocionais do bebê não são satisfeitas de modo algum através de cuidados puramente mecânicos” (p. 393). O bebê tem como forma de comunicar suas necessidades os movimentos e o choro e, o mais essencial nessa fase do desenvolvimento, é que os cuidadores (especialmente a mãe), sejam capazes de compreender essa linguagem expressiva. Tal compreensão não é racional, mas possibilitada pelo verdadeiro contato entre mãe e bebê. Reich dá o nome de contato orgonótico ao contato espontâneo e autêntico entre mãe-bebê, o qual permite que a mãe compreenda a linguagem da expressão emocional de seu filho e possa, assim, atender às suas necessidades e evitar frustrações desnecessárias. A ausência deste contato entre o bebê e seu cuidador é uma influência prejudicial para o desenvolvimento e, por outro lado, quanto mais completo for o contato, melhor é a compreensão das necessidades do bebê. De acordo com Reich (1948/2009) No início, a mãe capta a expressão dos gestos do bebê através do contato orgonótico (pela identificação, em termos psicológicos). Se seu próprio organismo estiver livre e emocionalmente expressivo, ela compreenderá o bebê. Porém, se for encouraçada, rígida caracterologicamente, tímida ou inibida de qualquer outra maneira, ela não conseguirá compreender a linguagem do bebê e, portanto, o desenvolvimento emocional da criança será exposto a diversos tipos de influências prejudiciais. As necessidades do bebê só podem ser satisfeitas se suas expressões forem compreendidas (p. 395) No livro Análise do Caráter (1933/1998), no capítulo Contato psíquico e corrente vegetativa, Reich já se referia à importância deste contato, nomeando-o de contato psíquico. Segundo Faria (2012), a mudança na nomenclatura, no decorrer da obra, se deu devido à descoberta, por Reich (entre 1936 e 1940) de uma energia primordial, que estaria presente em todo o universo e que recebeu o nome de orgone (por isso, contato orgonótico). Nesse texto, Reich explica que “Originalmente, a análise do caráter concebia a couraça psíquica como a soma total de todas as forças de defesa recalcadoras (…). Mais tarde, demonstrou-se que esse conceito não abarcava a couraça psíquica em sua totalidade” (p.289). O conceito até então era insuficiente, pois, mesmo após se dissolverem os modos formais de comportamento por meio da análise do caráter, algo restava, um resíduo indefinível e aparentemente inatingível. Reich defende, então, que “a falta de contato psíquico constitui o resíduo impalpável da couraça” (p. 290, itálicos originais). Daí, a importância em cuidar para que o contato orgonótico no início da vida do bebê seja o mais completo possível. Armoring in a newborn infant – Encouraçamento em uma criança recém-nascida (1951/1983b) é um artigo no qual Reich apresenta um caso acompanhado pelo OIRC, desde antes do bebê nascer até cerca do terceiro mês de vida. Um dos pontos discutidos é o momento em que o bebê apresentou sinais iniciais de encouraçamento, sendo que isso foi atribuído por Reich a um contato distorcido com a criança. Ele retoma, neste texto, a importância deste elemento para o desenvolvimento emocional, dizendo que “O contato orgonótico é o elemento mais essencial, experimental e emocional na inter-relação entre mãe e filho, particularmente na vida pré-natal e durante os primeiros dias e semanas de vida. O futuro da criança depende disso. Aparentemente é o núcleo do desenvolvimento emocional da criança recém-nascida” (livre tradução, p. 99, itálicos originais). A meu ver, o conceito de contato orgonótico possibilita articulações importantes com o que Winnicott nomeou como: preocupação materna primária. Winnicott entende que, no início da vida do bebê, é necessário que o ambiente se adapte completamente às suas necessidades. Para que tal adaptação seja possível, sem falhas importantes, a mãe assume uma condição especial. Segundo o autor, “Diz-se frequentemente que a mãe de um bebê é biologicamente condicionada para sua tarefa de lidar de modo todo especial com as necessidades do bebê. Em linguagem mais comum, existe uma identificação – consciente mas também profundamente inconsciente – que a mãe tem com seu bebê” (Winnicott, 1956/2000b). Esta condição biológica parece se aproximar da noção de contato orgonótico, também definida por Reich como “identificação” em trecho anteriormente citado. Winnicott descreve a preocupação materna primária como um estado especial, de sensibilidade exacerbada, que vai do final da gravidez até algumas semanas após o nascimento do bebê e, ainda, que é dificilmente recordado pelas mães depois que o ultrapassam. Ele chama atenção ao fato de que tal estado, se não houvesse gravidez ou bebê para ser cuidado, seria preocupante, podendo ser visto até mesmo como uma doença, tamanho o grau de identificação que pode ser atingido. Havendo um bebê, é um estado de devoção, por meio do qual a mulher se adapta de forma sensível e delicada às necessidades do filho para compreendê-las e satisfazê-las; da mesma forma, em Reich, o contato orgonótico possibilita essa adaptação e atenção no sentido de satisfazer as necessidades do recém-nascido. É importante ressaltar que, as necessidades do bebê neste momento, na concepção dos dois autores, são essencialmente físicas, o que não quer dizer que atender a essas necessidades não esteja na base do desenvolvimento emocional. Para Winnicott (1971/1990b), “Nestes estágios o cuidado físico é um cuidado psicológico” (p. 137), sendo que “A mãe foi responsável pelo ambiente no sentido físico do termo antes do nascimento, e após o nascimento a mãe continua a prover o cuidado físico, o único tipo de expressão de amor que o bebê pode reconhecer no princípio” (Winnicott, 1971/1990b, p. 122). Este manuseio do bebê nos primeiros momentos, ganha na teoria Winnicottiana o nome de “holding”, conceito que envolve o segurar e sustentar o bebê (inicialmente de forma física e gradualmente assumindo formas mais elaboradas de cuidados adaptativos). Já nos textos de Reich, fica evidente que o cuidado com o corpo, com o manuseio do bebê é extremamente importante e central à noção de contato orgonótico. No texto Angústia de cair em um bebê de três semanas (1948/2009), Reich descreve o que considerou um “ataque agudo de angústia de cair” (p. 396) de um bebê por ele acompanhado. Segundo ele, o ataque teve início quando o bebê foi retirado do banho e colocado sobre uma mesa de costas. Ele conta que: O bebê começou a gritar violentamente, esticou os braços para trás como que para obter apoio, tentou trazer a cabeça para frente, mostrou um pânico absoluto nos olhos e não pôde ser acalmado. Teve que ser tomado nos braços. Tão logo foi feita nova tentativa de deitá-lo, a angústia de cair reapareceu com a mesma violência. Só foi possível acalmá-lo tomando-o nos braços (p. 396, itálicos originais). Na tentativa de entender o que teria causado o ataque no bebê, Reich afirma que, em suas duas primeiras semanas de vida, houve pouco contato orgonótico da mãe com a criança. Segundo ele, a ausência de contato teria levado a “uma contração, um retraimento da energia biológica, como consequência dos vãos esforços para estabelecer contato” (p. 399). Ele diz que, em termos psicológicos, a criança “se resignou”, ficou “frustrada” (p. 399). Reich conta que duas semanas após o início da angústia, entendeu que o que o bebê queria era contato corporal. Relata, então, como conseguiu ajudar o bebê a vencer essa angústia. Ele adotou três procedimentos: pegar a criança no colo quando gritava, movimentar suavemente os ombros de modo a eliminar o primeiro surgimento de uma couraça caracteriológica na região e brincar com ela, em ritmo gradual, de pegá-la pelas axilas, levantá-la e abaixá-la delicadamente. A intervenção foi feita todos os dias, por volta de dois meses, até que o bebê superou a angústia. O procedimento realizado por Reich, em forma de brincadeira, ilustra bem o quanto este contato corporal cuidadoso, constante e adaptado à necessidade do bebê (sem ser invasivo) é constitutivo, garantindo segurança e conforto para que as crianças se desenvolvam e trilhem seu próprio caminho. Utilizei o termo próprio caminho, pois é interessante frisar a ideia de que as crianças, para Reich, não deveriam seguir caminhos pré-determinados pelos adultos responsáveis por sua educação. Pelo contrário, ele defende que os adultos não podem dizer para as crianças que mundo elas devem construir, mas “podemos equipá-las com a estrutura de caráter e o vigor biológico que as capacitem a tomar suas próprias decisões, encontrar seus próprios caminhos, construir seu próprio futuro” (livre tradução, Reich, 1950/1983, p.7). Ele afirma que o que o OIRC quer é que as crianças sejam elas mesmas. Reich entende que “Toda criança recém-nascida possui sua individualidade, seu próprio tom de expressão emocional, o qual deve ser reconhecido para que suas reações emocionais individuais sejam compreendidas” (Reich, 1948/2009, p. 395, itálicos originais). Winnicott (1965/1997) compartilha desta visão: “Ademais, por não haver duas crianças rigorosamente idênticas, requer-se de nós que nos adaptemos de modo específico às necessidades de cada uma” (p. 45). Desta forma, a adaptação às necessidades dos bebês não pode se dar através de técnicas padronizadas e teorias que preconizem o que é bom e ruim para os bebês de forma geral. Tanto Reich como Winnicott fazem críticas ao exagero da técnica nos cuidados com os bebês. Winnicott afirma que “(…) todo aquele que cuida de uma criança deve conhecê-la e trabalhar com base numa relação viva e pessoal com o objeto de seus cuidados, e não aplicando mecanicamente um conhecimento teórico” (idem ibidem). Reich, em relação a esse tema, entende que “Quase toda mãe sabe profundamente o que uma criança é e o que ela necessita. Ainda assim, a maioria das mães segue teorias vazias e perigosas, de teóricos superficiais, e não seus instintos naturais” (livre tradução, Reich,1983d, p. 69). No artigo Maltreatment of Infants (1983c) – Maus tratos aos bebês – ele menciona diversas práticas (fundamentadas cientificamente) as quais, em sua opinião, tornam-se normas de conduta que acabam produzindo prejuízos ao desenvolvimento infantil (quando adotadas indiscriminadamente pelas mães). Dentre estas, situa as regras de alimentação e de postura. Para ele, as imposições destas formas, desrespeitando o ritmo e o corpo de cada bebê, podem gerar consequências graves ao desenvolvimento emocional. Neste ponto, ele frisa que, se um bebê sente-se melhor na posição considerada a mais correta pelos médicos, não há problema nenhum que ele fique nela, desde que isso não passe a ser uma “imposição ditatorial” (livre tradução, Reich, 1983, p. 139) a qual todos os bebês devem se adequar. Winnicott também aponta para a realização de algumas práticas, por parte de médicos e enfermeiras, que dificultam às mães realizar a tarefa essencial de estar disponível para seus bebês e atendê-los em suas necessidades. Por exemplo, ele diz que a prática de “Pegar um bebê recém-nascido e submetê-lo a limpezas ou banhos imediatamente após o nascimento não pode ser um procedimento legítimo em todos os casos” (Winnicott, 1971/1990c, p. 169). É interessante notar que, da mesma forma que Reich, ele não entende que há regras gerais a serem cumpridas, pois concebe, inclusive, que não são todos os bebês que estão prontos para encontrar suas mães imediatamente após o nascimento, “visto que muitos teriam tido experiências das quais eles próprios precisam se recuperar” (Idem ibidem, p. 170). Em outro artigo, Pediatria e Psiquiatria (1948/2000a), o autor descreve uma realidade, não muito difícil de ser encontrada nas maternidades, a qual pode ser profundamente prejudicial ao estabelecimento da relação mãe-bebê: “No momento da amamentação são levados em carrinhos, envoltos numa apertada manta, e na hora marcada a enfermeira dá o sinal e empurra a boca do bebê, que está aos berros, contra o seio de uma mãe confusa, frustrada e muitas vezes assustada” (p. 242). A questão da amamentação é um dos pontos que mais sofre com o excesso de teorias e técnicas a respeito de quando, quanto e como os bebês devem ser alimentados por suas mães. Tanto para Winnicott como para Reich este é um dos fenômenos mais importantes para o estabelecimento da relação mãe-bebê, o qual engloba de forma intensa e complexa os cuidados corporais anteriormente discutidos. Não iremos nos aprofundar aqui no entendimento de cada um dos autores acerca deste fenômeno, no entanto, é um aspecto importante a ser destrinchado em futuros trabalhos. Da mesma forma, outro aspecto que pode ser vinculado às considerações aqui apresentadas é, a partir destas críticas ao excesso de técnica nos cuidados com as crianças, o que é necessário então, na opinião de cada um dos autores, para ser um bom cuidador. Há ainda uma série de outros questionamentos a serem contemplados neste campo de pesquisa que se abre, como: o que as falhas ambientais nestes estágios iniciais produzem, em termos de saúde mental, na concepção dos dois autores? O que um cuidado inicial satisfatório pode produzir em termos de desenvolvimento emocional saudável? E ainda, qual a relação existente entre o que acontece entre mãe/cuidadores e bebê no início da vida e a sociedade de forma mais ampla? Enfim, foi possível, neste primeiro momento, dar conta de algumas semelhanças entre as concepções dos autores sobre os estágios iniciais do desenvolvimento emocional. Desta forma, cria-se um território possível de pesquisa e discussão, por meio do qual o debate entre ideias destes dois teóricos pode contribuir para enriquecer e fortalecer certas práticas, nas áreas da saúde e da educação, que lutem por formas mais autênticas, espontâneas e criativas de viver a vida. Referências Albertini, P. (2011, julho/dezembro). Wilhelm Reich: percurso histórico e inserção do pensamento no Brasil. Boletim de Psicologia, 61 (135), 159-176. Cintra, M. G. P. (2002). Gerda Boyesen, a mãe suficientemente boa descrita por Winnicott. Revista Reichiana, (11), 38-62. Cornell, W. F. (1998). Se Reich tivesse encontrado Winnicott: O gesto interrompido. Revista Reichiana, (7), 80-97. Cotta, J. A. M. (2010). Memórias de um desterro: corporeidade na clínica contemporânea. 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