O vaso azul destas verbenas, Partiu-o um leque que o tocou: Golpe sutil, roçou-o apenas, Pois nem um ruído revelou. Mas a ferida persistente, Mordendo-o sempre e sem sinal, Fez, firme e imperceptivelmente, A volta toda do cristal. A água fugiu calada e fria, A seiva toda se esgotou; Ninguém de nada desconfia. Não toquem, não, que se quebrou. Assim, a mão de alguém, roçando Num coração, enche-o de dor; E ele se vai, calmo, quebrando; E morre a flor do seu amor; Embora intacto ao olhar do mundo, Sente, na sua solidão, Crescer seu mal fino e profundo, Já se quebrou: não toquem, não.
O vaso partido
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