Texto de Laura Dethville interpretando a saga de Harry Potter, da autora britânica J.K. Rowling, sob uma visão winnicotiana Scan do texto em PDF, clique aqui: Harry Potter e Winnicott – Uso Paradoxal da Têndencia anti-social -Laura Dethville
Uso Paradoxal da Tendência Anti-Social
Numerosos estudos psicanalíticos surgiram depois do sucesso prodigioso da saga de J K Rowling sobre As aventuras de Harry Potter. De maneira geral, pode-se distinguir duas correntes: Harry Potter herói mágico, menino salvador, aquele que irá permitir à humanidade escapar do perigo mais extremo, aquele de um mundo de ódio e de destrutividade? Ou então, um romance familiar clássico no qual o menino Harry Potter substitui, no seu imaginário, uma família idealizada por uma família clássica na qual ele viveria como sendo um menino mal amado em relação à Dudley , enquanto que os Dursley seriam, na verdade, seus pais. Esses temas falam diretamente ao imaginário das crianças e o dos adultos, daí sem dúvida, o imenso sucesso desta saga. […] […] Proponho uma outra possibilidade de leitura que se relacionaria à tendência anti-social como teorizada por Winnicott, assim como a de seus desenvolvimentos sobre a adolescência. Segundo essa leitura, Harry Potter, menino muito amado e mimado até o início de seu segundo ano, sofreu uma deprivação essencial com a morte de seus pais e com o ataque de que ele mesmo vai ser o objeto. Essa experiência de deprivação o conduz a um estado de morte psíquica.[…]