Pilates Biodinâmico: prazer e consciência de si – Introdução

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Introdução

1.Por que integrar o Método Pilates e a Psicologia Biodinâmica Minha formação é em Educação Física e quando comecei a trabalhar com o método Pilates, ministrava aulas para grupos de até 10 pessoas e utilizava bolas de vários diâmetros, faixas elásticas e rolos. Deparei-me com uma situação delicada: não raramente havia mobilizações emocionais durante a aula. Tive muitas dúvidas e não encontrei literatura de apoio dentro da minha área de atuação profissional. Neste mesmo período fui apresentada à Psicologia Biodinâmica pela minha psicoterapeuta, que era aluna e cursava tal especialização. No campo pessoal meu processo terapêutico passou por uma transição até que se tornou totalmente biodinâmico. À medida que conversávamos sobre a Psicologia Biodinâmica e o Método Pilates, fui me encantando e até mesmo obtendo respostas para algumas de minhas dúvidas. Iniciei o curso de formação em Psicologia Biodinâmica e continuei me aprimorando no Método Pilates. Montei um estúdio onde os atendimentos são individualizados e tem como diferencial o uso de equipamentos específicos e o uso da Massagem Biodinâmica. Como pede minha atuação profissional, Educadora Física, procuro ministrar aulas que visam a harmonização, a distribuição de energia, o alívio da dor física e o relaxamento, ou seja, levar o praticante a autorregulação. Para isso procuro me valer da leitura corporal, das massagens, da amizade com a resistência e da presença terapêutica que venho aprendendo com a Biodinâmica, sempre com a intenção de levar o praticante a uma maior identidade entre psique e soma. Neste trabalho será apresentada uma revisão bibliográfica e um estudo de caso, onde foi utilizada uma abordagem que integra elementos do Método Pilates e da Psicologia Biodinâmica. O uso do toque e massagem, a presença terapêutica e a realização do exercício do jellyfish com utilização de aparelhos específicos são alguns exemplos de aplicação da proposta que serão comentados. 2. Método Pilates: Pilates é um método de condicionamento físico, mental e emocional, e atualmente tem expandido por todo o mundo ganhando um grande número de adeptos. Joseph Pilates (1880-1967) juntou os melhores aspectos dos exercícios orientais e ocidentais. E o equilíbrio desses dois mundos liga muitas pessoas a esse método. Do Oriente ele trouxe as filosofias de contemplação, relaxamento e ligação entre corpo e mente (Muscolino e Cipriano, 2004). Do Ocidente trouxe a ênfase no enrijecimento, força e resistência muscular (8, pg 8. 2005 ). 2.1 Histórico Joseph Humbertus Pilates nasceu em 1880 na Alemanha. Na sua infância, sua saúde foi frágil, sofreu de bronquite, asma, febre reumática e raquitismo e dedicou-se à melhora de sua condição física praticando mergulho, esqui, ginástica e boxe. Autodidata, aprofundou seus conhecimentos em medicina chinesa. Durante a Primeira Guerra Mundial, vivendo na Inglaterra, foi considerado estrangeiro inimigo e, em 1914, recluso no campo de concentração de Lancaster. Lá atuou como enfermeiro e desenvolveu uma série de exercícios que poderiam curar lesões e problemas posturais. Também criou exercícios temporários de ajuda, juntando estrados de molas em várias posições, para que pacientes em recuperação pudessem se exercitar com segurança e dentro de suas condições físicas . Seu trabalho foi reconhecido quando, em 1918, ocorreu uma epidemia do vírus Influenza, dizimando milhares de ingleses, embora nenhum dos internos sob seu treinamento tenha sido infectado. Após a Guerra, retornou à Alemanha. Em 1926 emigrou para os Estados Unidos e fundou em Nova York seu primeiro estúdio. Pilates definiu “contrologia” como a arte do controle e equilíbrio mente-corpo e fundamentou seu método baseando-se nesta definição. Segundo Joseph Pilates, Contrologia é a correta utilização e aplicação dos mais importantes princípios das forças que atuam em cada seguimento corporal com o completo conhecimento dos mecanismos funcionais do corpo, o que resulta em perfeito entendimento dos princípios de equilíbrio e gravidade aplicados aos movimentos. É o resultado da coordenação neuromuscular garantindo movimentos seguros e precisos (8.pg.8-9) 2.2Princípios básicos do método: O método Pilates é compreendido em sete princípios básicos, que serão apresentados com base nas referência: Muscolino e Cipriani (2004), Segal e colaboradores (2004), Craig (2003), Latey (2001), Lange e colaboradores (2000), Camarão (2004), Curi (2009), Robinson e Napper (2002), PanelliI e Marco (2006) . Concentração: ensinar o aluno a concentrar sua mente no movimento que seu corpo está realizando. O princípio da concentração, de acordo com Rodriguez (2007), enfoca os movimentos corretos, centra a mente para permanecer no “aqui e agora”, sem dar lugar à dispersão, ou seja, com a devida concentração os movimentos são armazenados no subconsciente e refinados durante sua prática. A concentração, segundo Graig, produz controle e coordenação neuromuscular, o que garante movimentos seguros, pois cada movimento tem uma função, e o controle é sua essência. Camarão entende que controle “é a perfeita comunicação entre a mente e o corpo” (8, p.10. 2005). Controle: Define-se como controle do movimento o discernimento da atividade motora de agonistas primários numa ação específica. A coordenação é a integração da atividade motora de todo o corpo visando um padrão suave e harmônico de movimento. É importante a preocupação com o controle de todos os movimentos a fim de aprimorar a coordenação motora, evitando contrações musculares inadequadas ou indesejáveis. Centralização: a este princípio Pilates chamou de Powerhouse ou centro de força, o ponto focal para o controle corporal. Constitui-se pelas quatro camadas abdominais: o reto do abdome, oblíquo interno e externo, transverso do abdome; eretores profundos da espinha, extensores, flexores do quadril juntamente com os músculos que compõe o períneo. Este centro de força forma uma estrutura de suporte, responsável pela sustentação da coluna e órgãos internos. O fortalecimento desta musculatura proporciona a estabilização do tronco e um alinhamento biomecânico com menor gasto energético aos movimentos. Panelli e Marco citam que para o princípio da centralização, Pilates denominou o power house como sendo o ponto vital do controle corporal. Esse “centro de força” a que J. Pilates faz referência constante, relaciona-se a busca pelo chamado “Tan Tien” ou “Hara” (centro de energia) nas artes marciais, que há muito tempo tem consciência de sua importância. Precisão: Panelli e Marco (2006) declaram que o princípio da precisão é fator determinante para nossa saúde e bem-estar, e está intimamente relacionado à nossa postura, porém, para que isso aconteça, a mente deve estar alerta a cada movimento, com enfoque na qualidade e não na quantidade dos exercícios. Pilates citou a expressão grega: “Não muito e não muito pouco”, que sabiamente exprime a essência desse princípio: utilizar-se de poucas repetições de cada exercício e uma execução de qualidade. Segundo Hall (1998), realizar movimentos precisos evita o risco de lesões, tanto durante a sessão de exercícios quanto no dia a dia do praticante. Por isso, o Método Pilates, indissociável dos seus princípios básicos, tanto busca desenvolver o equilíbrio músculo-esquelético, a respiração adequada e o alinhamento postural, quanto, mediante a prática regular dos exercícios, permite uma tomada de consciência dos hábitos errôneos no funcionamento do corpo, convertendo assim, as atividades automáticas em atividades conscientes (PANELLI e MARCO, 2006; CRAIG, 2005). Respiração: respirar profundamente, enviando o ar para a região medial do tronco (base dos pulmões = gradil costal). Em relação ao princípio da respiração, Craig (2005) retoma a fala de Pilates onde afirma que frequentemente respiramos errado e, por esse motivo, enfatiza a respiração como fator primordial no início do movimento. Depois de levar o praticante a reconhecer sua dinâmica respiratória e ensiná-lo a respirar corretamente, o instrutor de Pilates incentiva o praticante a associar “respiração e movimento”. Fluidez: Refere-se à qualidade do movimento, que deve ser realizado de forma controlada e contínua, exibindo leveza, evitando impactos para o corpo. Ao contrário movimentos truncados, pesados, criam choques no solo e levam ao desperdício de energia, além de tornar os tecidos propensos ao desgaste prematuro. Sobre o princípio da fluidez, Curi (2009) relata que cada movimento ou exercício tem um ponto específico onde inicia e onde finaliza, porém cada exercício prepara o corpo para o próximo que já está sendo iniciado. Robinson e Napper (2002) entendem que fluidez significa leveza de movimentos, onde há predomínio de graça e controle na execução de uma seqüência completa, como se o praticante estivesse valsando. Alinhamento postural: ensinar o aluno a reconhecer o posicionamento do seu corpo no espaço e dar a ele condições para buscar o equilíbrio e a postura ideal; O equilíbrio postural refere-se ao alinhamento dos segmentos articulares necessários para manter o centro de gravidade dentro dos limites máximos da estabilidade. Embora o equilíbrio seja considerado um processo estático é na verdade um processo dinâmico que envolve vias neurológicas múltiplas (KOLYNIAK et al, 2004). A manutenção do equilíbrio postural é um complexo mecanismo de controle, alimentado por um fluxo de impulsos neurológicos provenientes dos sistemas proprioceptivo, vestibular e óculo-motor cujas informações são processadas pelo sistema nervoso central e retornam pelas vias eferentes para manter o controle do equilíbrio corporal pela contração dos músculos antigravitacionários (BARAÚNA, 2004). Os exercícios do método Pilates são destinados ao alongamento e fortalecimento dos músculos das cadeias anterior e posterior, visando o equilíbrio estático e dinâmico destas duas cadeias, o que resulta em melhor e mais eficiente ajuste postural (CRAIG, 2005). Assim, podemos afirmar, que o alinhamento postural, além de ser considerado um princípio básico para a execução dos exercícios, constitui um ganho para o praticante, ou seja, é também um resultado do treinamento dos exercícios do método Pilates. *Relaxamento: Para Gallagher e Kryzanowka (2006), o relaxamento não consta como um dos princípios básicos do Método. Entretanto, é considerado um fator importante quando é necessário durante toda aula, principalmente para a execução de exercícios mais complicados. O aluno é orientado para manter uma atitude tranqüila e relaxada do início até o fim, evitando assim, a postura habitual de estressar ao realizar ações que exijam força e concentração. Ao contrário de preocupar-se em trabalhar com a musculatura muito rígida, o Método prevê que o relaxamento dos músculos e seu engajamento possibilitem a dispersão da tensão. O Método Pilates procura fazer com que o praticante reconheça suas limitações e potencialidades, se aproprie e busque aprimorar o que for possível. Faça o download aqui da Tese completa em formato PDF( 573 Kb) Continue lendo -Pilates Biodinâmico: prazer e consciência de si – A Psicologia Biodinâmica

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