Ódio e Medo na Contratransferência

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Camila Salles Gonçalves é professora de Filosofia, doutora pela U.S.P., psicóloga, psicoterapeuta, aluna do Curso de Psicanálise e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. É autora e organizadora de Psicodrama com Crianças – Uma Psicoterapia Possível e de Desilusão e História na Psicanálise de Sartre. Rua Dr. Flávio Américo Maurano 810 tel. (011) 842 71-85 CEP 05656 – 020 Em breve ensaio sobre a experiência de tomar conhecimento da concepção winnicottiana da contratransferência, a autora comenta o artigo “Ódio na Contratransferência” e o que, nele e na sua própria vivência de recordações da clínica, considera provisão da leitura para suas reflexões. Ódio e Medo na Contratransferência. Camila Salles Gonçalves Retomo aquelas páginas de Winnicott, em que sua experiência de odiar uma criança é cruamente declarada. Ele não fala de um momento explosivo, vivência extrema que qualquer cidadão admite, desde que única e excepcional. Refere-se a um ódio inseparável da relação que estabeleceu com um menino de 9 anos, do qual cuidava, e que analisava, utilizando a interpretação, toda vez que se deparava com a oportunidade de fazê-lo. O relato, bastante conhecido, faz parte da comunicação que tem por título Ódio na Contratransferência(1). Perto de completar meio século de publicação, seu poder de evocar desconforto não parece se ter amainado. Mas, ao presentificar a crueza, não pretendo destacar apenas o estilo que divulga as asperezas transferenciais. As características da narrativa que assoma nesse paper são condizentes com aquilo que nos permite aprender. Do aprendizado, quero primeiro extrair uma lição de enunciado simples: a diferença entre reações raivosas e a vivência do ódio. A diferença, que ele nos ajuda a valorizar, permite dar nova importância à distinção entre momentos de irritação e raiva, que acometem o analista – durante uma sessão ou uma seqüência de sessões-, e uma relação analítica em que o ódio é inseparável de seu modo de se estabelecer, de seu modo de ser. A partir disso, também um esforço para situar melhor certas experiências de medo. O tema da comunicação de Winnicott é a contratransferência, em primeiro lugar enquanto ódio, que tem o nome estampado no título. Secundário, associado, o tema que o acompanha é o medo. De que maneira pode um se relacionar com o outro é o que procuro indicar, na sequência de um aprendizado que vai tomando forma sob o efeito da leitura. Uma finalidade declarada, dessa abordagem do ódio e do medo na contratransferência, é fundamentar a idéia segundo a qual o analista somente está preparado para suportar a tensão do trabalho com psicóticos, se tem condições de perceber nele mesmo esses afetos. Além disso, não deve esperar que o paciente saiba coisa alguma a respeito do que pode estar se passando com ele. O autor leva-nos a considerar a peculiaridade de uma relação transferencial, caracterizada pela presença maciça do ódio de mesmo peso que o amor, onde o primeiro é o único que age ou toma a palavra. As reflexões que provoca não nos permitem distanciamento, fazem-nos entrar, sem escapatória, em um clima de intimidade com os mais temíveis afetos. Ou fechamos o livro, ou estamos implicados nas turbulências da clínica. Inquietação. Quanto tem nossa pertinência ao ofício ensejado conhecer e revelar a respeito do ódio e do medo vividos pelo analista? Winnicott não deixa dúvidas a respeito do objetivo do relato que destacamos, de momentos de convivência odienta com o menino: “The important thing for the purpose of this paper is the way in which the evolution of the boy’s personality engendered hate in me, and what I did about it.” Considerou essencial ter encontrado um meio, de expressar para o menino, que tinha sido levado a odiá-lo por coisas que ele fizera. Sem volteios, comunica para ouvintes e leitores o que fez e o que não fez com seu ódio. Encontrou um modo de o menino se saber odiado. Não bateu nele. Dominou-o e conteve-o, usando sua força física. Agiu sem raiva e sem recriminação. Quanto a esta última afirmação, vale a pena reler a frase em inglês: “without anger or blame”, por meio da qual indica o traço essencial de seu comportamento. Entre hate e anger, busquemos as distinções. Se, nas situações transferenciais evocadas, o ódio deve se tornar conhecido por quem dele se torna objeto, a convicção, a respeito da validade desse princípio, não se faz acompanhar por um comportamento irado. Com efeito, anger refere-se à hostilidade, à atitude do bravo-raivoso. Hate refere-se ao intenso desagrado, ao não gostar(dislike) e à vontade de afastar e de evitar. Ao reler os pormenores da descrição das atitudes assumidas na prática por Winnicott, encontro a especificidade de uma conduta psicanalítica na travessia do infernal. Levando ao pé da letra uma simples expressão coloquial, na frase “three months of hell”, imagino o tamanho da ameaça de desordem afetiva e o caráter penoso do trabalho que a desencadeia, o que justifica sugerir o estado de consciência que é minha reação ao texto. Tenho relativa familiaridade com referências ao irromper daquelas emoções, feitas em teores suficientemente contidos para serem mencionados e digeridos em supervisões grupais e seminários clínicos. Depois dessas apresentações protocolares, onde vão parar? Parece que somem, quando o analista sai tranquilizado da conversa com seus pares, às vezes até reassegurado em seu virtuosismo técnico. Terão as turbulências permanecido apenas como pano de fundo desbotado da estrutura narrativa de algumas sessões? Às vezes vão para a análise do analista, onde ódio e medo, que entre ele e seu analisando circulam, podem vir a ser, sob o modo de evocação de um universo ausente. Ou seja, apresentam-se como ódio e medo representados, convocados pelo imaginário. São emoções de que o analisando fala, presentificação imaginária daquilo que não ocorre necessariamente aqui e agora, entre ele e seu analista. Nesse caso, o analista-analisando faz a narrativa de experiências vividas em outro tempo, em outro lugar. Estas mal e mal encontram brechas para se insinuar, limitadas enquanto evocação de situação ausente. Entram pelo imaginário, não pertencem necessariamente à realidade das emoções atuais entre analista-analisando e analista-analista. No início de sua comunicação, Winnicott observa que efeitos, da intensa carga emocional que recai sobre o analista na análise de psicóticos, muitas vezes determinam que ele procure dar algum tipo de prosseguimento a sua própria análise. Esta, nem sempre é a retomada com um seu analista, procurada após o encontro contratransferencial com a psicose. Mas, ocorrendo, como parece desejável do ponto de vista de todos os interessados, ou não, uma outra tentativa de prosseguir a auto-análise é a investigação psicanalítica. Na ótica winnicottiana, a própria investigação é, talvezsempre“, uma tentativa, por parte do analista, de fazer avançar o trabalho de sua própria análise, para além do ponto até onde seu analista pode fazê-lo. Se o analista de psicóticos só pode se pretender tal sob a condição de ser íntegro (“extremely well sorted-out”) e consciente do ódio na contratransferencia, ainda assim , e por isso mesmo, ele é afetado pelo modo de ser dos estágios emocionais primitivos de seu cliente. O momento em que o analista é presa do mais primitivo e, por que não dizer, do mais violento, é inseparável do processo com o paciente. Reconhecida, essa terrível experiência emocional, essa travessia do pathos, possibilita que a função do analista se sustente e o processo continue a se desenrolar:…” ele não pode evitar odiar e temê-lo, e quanto melhor ele conhece isso, menos o ódio e o medo serão os motivos determinantes daquilo que ele faz para seus pacientes.”(2). Creio que, na clínica, Winnicott acrescentou a contratransferência aos recursos abrangidos pela área de provisão ambiental. A complexidade dos termos que essa expressão reúne e a riqueza de sentidos por ela sugeridos, ameaçam desfazer-se, entrar em dispersão, pela vertigem que provocam. Reagindo, uma pergunta: o que ocorre quando o ambiente não provê com sinais do ódio de outrem? Porém, se a partir da pergunta, chegou a se formar em nossa mente a imagem de um provedor, individual ou coletivo, e de um recebedor, ambos em papéis claros e distintos, ela se esfumaça diante do trabalho conceitual apresentado. Para além das necessidades fisiológicas, do prazer de órgão iniciando o movimento do destino das pulsões, tudo indica que a provisão deve ser visada também no âmbito da experiência de angústias incontornáveis. O ambiente provedor pressupõe áreas comunicantes em que se dão terror, desamparo e ódio. A denegação do lado obscuro perfaz um analista mortífero, sob a forma de esponja de amor, presença mole a empurrar o estado perigoso de amor-ódio coincidente, lançando os perfis psicóticos da alma para fora do setting fofinho. Ganha um robot postado à sua frente, não, porque o psicótico o seja, mas porque seu amor estabanado só envolve o invólucro. Alucina a inexistência de um psíquico que, só por poder estar aí, já o apavora. O último patamar de reflexão, talvez transmissível, que esta espécie de corpo a corpo( melhor seria dizer alma a alma ) com o texto, que Winnicott desencadeia, forma-se sobre minha consciência espontânea, que se abre para uma sucessão de cenas clínicas. Ocorrem fora do texto, são histórias pessoais. Tomam forma dentro do texto, meio que permite sua aparição. Prossigo através dos sentidos que refletem. Cenas Manifestas I – O Segredo da Menininha Tem sete anos. Faz historinhas riquíssimas com bonecos, solicita e estimula minha participação. Sei que estou interessada, vivo a experiência de estarmos brincando. Desmancha. Nunca mais brinca assim. Não entende os quebra-cabeças para crianças menores, que tira da prateleira. Pergunto se quer ajuda. Com mínimas dicas, faz progressos rápidos. No outro dia, inicia aplicadamente um bem difícil. Olho com interesse o grande número de acertos. Desmancha, não quer mais saber. Faz-me presenciar desenhos que prometem, escolhe com cuidado o papel, os lápis. Olha para ver se olho mesmo. Amassa, rasga. Não me parece que os ache feios, nem que os desvalorize. A risada louca, ao destruir, parece triunfo contra mim e/ou contra tudo que, à minha conhecida revelia, estou representando. Não usa água, massinha, argila. Em uma das sessões seguintes, acrescento ao material cola colorida e folhas grandes de papel. Não demora para notá-los. Alegremente, vai fazendo desenhos cada vez mais borrões, passa dos dedos para as mãos inteiras, lambuzeira. Anuncio, na fração de tempo que me parece a menos inoportuna, aos pouquinhos, que nossa sessão está terminando. Continua o seu fazer. Sem o menor movimento brusco perceptível, chega bem carinhosa, rostinho perto do meu rosto, diz que vai me contar um segredo no ouvido. Fico surpresa com a rapidez de minhas mãos, que seguram seus pulsos a milímetros de me empastar de cola. Recuso-me corporalmente. Grita, para que pensem que a agrido, suponho. Com os pés, vai tentando desmantelar tudo o que pode. Viro colo de conter com muita força, levo-a, empacotada pelo meu corpo, até o carro, onde o motorista a espera, coloco-a dentro, travo a porta e comunico a esse moço, seu leva-e-traz, que já pode ir. Os pais marcam entrevista com a terapeuta de casal, há certo tempo indicada. II – O Ataque ao Tapete Mulher, em torno de quarenta anos. Sentamo-nos tête à tête em poltronas, cuja distância estratégica delimitei por meio de um tapete persa meio antigo. À disposição dos clientes, há banquinhos ao lado das poltronas, que podem ser usados para esticar as pernas. Ela é gentil, nunca expressou hostilidade, nem brincando, nem sendo irônica, nem ao discordar. Quando se senta, ou até um pouco antes, faz um ruído quase inaudível com os lábios, que aprendi a ouvir. Arrisco-me como caricatura de analista kleiniana, mas informo que não deixo de pensar “quer mamar”. Aguardo. No fim do semi-silêncio-mamada, arrasta o banquinho arranhando fortemente o tapete, quase rasgando, e começa a falar. Depois de mais de uma sessão com arranhões, preparando a seguinte, deixo o tapete enrolado num canto, como faço antes das sessões de algumas crianças. Acho que logo nota o que foi feito, mas nada pergunta ou comenta. Está em um momento de grande sofrimento físico e psíquico. Fala da sobrecarga quotidiana que enfrenta com as providências e cuidados com uma pessoa doente que é sua dependente (por escolha sua), sem se queixar, sem caracterizá-la como sobrecarga. Há quase uma auto-recriminação por ainda não ter feito coisas de que essa pessoa precisa. Pergunto por que está planejando fazer parte da equipe de médicos e técnicos do hospital, onde essa pessoa tem atendimento que já considerou satisfatório. Tergiversa. Dá-se conta da inutilidade plausível da lista de afazeres e da inutilidade (aparente) do próprio assunto. Fala enfim do convite para jantar, que recebeu de uma pessoa em que está amorosamente interessada e da surpresa de lá chegando, encontrar uma terceira pessoa. Atinge o ódio. Quem puxou o tapete? III – A Poltrona Unhada Jovem, tímida e extremamente delicada. Longa experiência de análise e tratamento psiquiátrico. Vinha dilacerando os braços da poltrona com as unhas, chegando as vezes a acompanhar com olhar neutro sua própria atividade. Seus relatos são pontuados por pedidos de ajuda e de “me diz o que eu faço”, apelo em cuja resposta complementar, de minha parte, ela acredita menos do que eu. Procura adaptar-se ao processo possível e vai estragando a poltrona. Um dia, vem a rompante catilinária contra “vocês todos” – medicos, psicólogos, terapeutas e psicanalistas – incompetentes e que desde a adolescência a obrigam a pagar-lhes rios de dinheiro. Pára de arranhar a poltrona. IV – Eríneas Primeira entrevista, dia em que colegas e secretária saíram mais cedo, 19 horas. Magrinha, 28 anos, encaminhada por psiquiatra que julgou melhor que iniciasse psicoterapia, para avaliar depois a necessidade de medicar ou não, até o momento indecidível. A moça é cordial e irrequieta. Com pequenos toques, reasseguro-a de que a escuta existe. Com altos e baixos de emoção, vai narrando a história de seus problemas. Rompendo ummoderato queixoso, chega ao episódio da briga com o namorado: Pulei encima dele e estraçalhei o rosto dele. O que se segue não é um andante con brio. Vejo sua unhas cintilantes, enormes e fortes. Acredito, porque preciso, no papel que emerge para desviá-la de meu tumulto. Tudo o que aprendi de teatro entra em campo para fazer semblante de ignorar o potencial das armas que pularam fora da história. Frio na espinha. De onde eu falo? É do medo. Sou voz afetada: E ele? Tenho ainda a nebulosa impressão de que ela descreveu a surpresa da vítima. Faço folhetim encima disso? Não é a questão que importa, mas a luz apagou. A das lâmpadas. Que seja um conto de terror, que seja a transferência que for. Acho as velas. Unhas estraçalhantes à luz de velas, olhos condizentes, dentro e fora ou nem dentro nem fora. Acredito também no semblante de escuta continente que invento. Se ouvi mais, esqueci. Atrás da máscara, procuro, na agenda evocada em imagem, um horário muito especial: de manhã, dia de consultório povoado, data próxima para apaziguar as unhas, jamais ativá-las por suspeita de rejeição. Ofereço, não serve. Demagogia: insisto, quero continuar a ouvi-la sem a separação temporal muito longa, que haveria se tivesse que aguardar um horário noturno. Aceita, com cara de quem vai dar o cano. Em tais circunstâncias, é uma boa cara. Despede-se amorosamente. Não estou em condições de estranhar o que quer que seja. Registro, apenas. Não sei se no dia seguinte, liga para a minha casa. Achou na lista? Acerta em cheio no horário em que estou fora do consultório, se me permitem a forma manifesta simplista. Eu mesma atendo. Parece estar em um bar de periferia, segundo o cenário sonoro de vozes, música e longinquidade que invade meu apartamento. O que diz: Preciso muito falar com você. Pede-me para esperar. Não volta nunca. É impossível desligar o telefone. Nas tentativas intermitentes, não encontro sua voz. Não volta e não desliga. A ligação se mantém. Expressando essa duração, o telefone da minha casa fica quase um dia inteiro ligado a esse lugar, que não é totalmente do imaginário, nem da realidade. O que sabe uma analista das ligações que marcar uma entrevista pode trazer, para dentro e fora de seu consultório? Tempo lógico? O telefone é irônico. Há medo. Foi a TELESP que interrompeu a ligação? A moça nunca mais me ligou. Aparece em imagem agora, com perfis que a leitura tornou descritíveis. Refletindo A menininha, naquele momento, representa minha frustração, que não trazia surpresas, e meu tempo de reação ao ataque, que me surpreendeu. O modo de reagir não, estava incorporado pela experiência. Creio que seu jeitinho amoroso e meigo era menos fingido do que a própria menininha pensava. Afinal, “a agressão faz parte da expressão primitiva do amor”(3). Era cuidada por pais em briga. Suponho que a mãe, odiando com exuberância o pai, e este, viajando cada vez mais, não tinham condições de perfazer um ambiente que desse contornos à agressão e à capacidade de amor da filha. Talvez ela chutasse para eliminar, de seu mundo interno, os pais que brigavam, talvez, com a mesma finalidade, quisesse me fazer brigar com o motorista, antes de ele ir embora(4). Talvez, simplesmente reagisse à minha chatice. O que importa é que nenhuma interpretação, ocorrendo em qualquer tempo que seja, pode excluir dessa convivência o ódio. Anunciar o final da hora aos pouquinhos é apenas evitar um canal para que o ódio não se aproveite, em expressão imperativa, do que já é ódio em potencial, a própria existência do final da hora(5). Ainda não deixei de considerar correto o abraço de oposição física a certas agressões, contanto que não elimine sua possibilidade de expressão. Em Winnicott, é categórica a afirmação da necessidade de haver uma procura, por parte do analista, de realizar o ódio objetivo. Reunindo livremente suas idéias, entendo que o ódio objetivo permite à analista fazer parte do trabalho sujo (6) que o ambiente não fez, sem se deixar sujar de forma masoquista, ainda que seja mulher(7). No caso da moça em fase de doença, a retirada do tapete foi uma interpretação e um basta nos arranhões. Foi uma indicação clara e objetiva de que eu odiava o estrago e estava me opondo. Mas não creio que fosse o momento de falar disso com palavras. Acho que usamos o mesmo código. Já, diante da novela culposa da(s) paciente(s) carente(s), perguntei por que pleiteava por mais um papel. Com palavras, vieram a queixa, a frustração, o tom da voz, o amor e o ódio impotente. Quanto à cliente que atacava a poltrona, obviamente não se tratava de fazer com que visse o que estava fazendo. A posteriori é fácil alegar que eu aguardava o que viria. Não tenho a menor idéia a respeito do que aguardava ou guardava então. Tenho apenas o registro de ter aguardado e de ter, pelo menos, guardado a dor e a raiva por ver minha poltrona sendo dilacerada. É claro que gostaria de poder afirmar que tive uma consciência completa da contratransferência, que fui e serei capaz de avaliar minhas reações objetivas à cliente, guardando o ódio “disponível para uma eventual interpretação”(8). Sobre o medo, não sei, até hoje, que outra coisa gostaria de ter feito. Acredito que o que não fiz esteja suficientemente descrito para quem possa tirar proveito dessa experiência canhestra. A finalidade que vejo, em falar dela, e de outras vivências, é oferecer a contribuição possível para um diálogo a respeito do que fazemos ou não, na travessia do infernal. Não posso avaliar se penso segundo Winnicott. Falo do que começo a pensar, depois de Winnicott. Fonte: http://www2.uol.com.br/percurso/main/pcs17/p17_12.htm

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